quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Idioma a bordo: A verdadeira catástrofe de idiomas

Pra você futuro tripulante ou apenas interessado nada vida  bordo, se prepare para ler as mais diferentes e absurdas expressões e gírias que existem a bordo.
Antes de embarcar, me disseram que era necessário ter um inglês intermediário, capaz de se comunicar entre os tripulantes e passageiros. Ai você embarca e tem a grande surpresa: novos idiomas e gírias misturadas por todos os cantos. Então vamos lá.

Mamagayo
Def.: Fazer qualquer coisa no seu horário de trabalho que não seja trabalhar
Ex: "Vamos na cabine descansar um pouco já que pensam que estamos trabalhando."

Saboneta
Def.: Fazer seu trabalho de qualquer jeito só pra terminar mais rápido ou por preguiça.
Ex: "Vou só passar um pano e terminar rápido pra poder sair logo."

Properly
Def.: O contrário de saboneta.
Ex: "Hoje vai ter inspeção, por isso limpe isso properly (apropriadamente)."

Taca Taca
Def.: Ficar de conversinha por ai
Ex: "Aquele cara nunca trabalha, sempre tá de taca taca por ai."

Casino
Def.: Bagunça
Ex: " Os passageiros sempre fazem cassino na cabine."
Basura
Def.: Significa lixo em espanhol. Pode ser usado para pessoa ou objeto, dizendo que alguém é péssimo ou sem profissionalismo, ruim de se trabalhar. Ou que algo está em péssimas condições.
Ex: " Esse cara novo é um basura."

Brata
Def.: Ter muito trabalho a fazer ou quando você está fazendo muitas coisas ao mesmo tempo.
Ex: "Todos os dias pela manhã o room service ficava em brata com os cafés."

Bomboclá
Def.: Pessoa idiota/estúpida
Ex: "Aquele bomboclá fez casino na minha estação."

No Interess
Def.:   É o "foda-se" a bordo.
Ex: "- Se seu chefe ter ver fazendo mamagaio aqui você ta ferrado.
       - No interess!"

No Respect!
Def.: Quando alguém não te respeita 
Ex: "Alguém suja o lugar que você acabou de limpar e deixa lá pra a você ou outro limpar."

Possible?
Def.: Pedir licença, pedir para alguém fazer algo.
Ex: "Possible uma ajuda pra limpar minha estação?"
Paisano
Def.: Pessoa da mesma nacionalidade
Ex: "Acabaram de embarcar meus paisanos."

Comarôz
Def.: Muito/Em grande quantidade
Ex: "Tem comarôz passageiros no restaurante agora."
Sapo
Def.: Fazer fofoca de alguém, dedurar
Ex: "Fulano sempre faz sapo sobre os mamagaios dos outros."
Caput
Def.: Estar cansadíssimo, acabado ou quase morto.
Ex: "Fui pra festa ontem depois do trabalho e agora estou caput."
  
 
Termos:
On duty: Trabalhando / Em horário de trabalho
Locker: Armário.
Sign Off: Pedir demissão
Warning: Advertência
Crew Party: Festa para os tripulantes
Crew Area: Área reservada só para tripulantes, onde ficam nossos elevadores
Crew Mess: Refeitório da tripulação
Crew Pass: Cartão onde pagamos as coisas, saímos do navio, etc.
Linen: Roupa de cama
Meeting: Reunião de trabalho
Cleaner: Faxineiro
Estação: Local do seu trabalho e a área pela qual você é responsável
Guest: Passageiro
Cabin mate: pessoa que mora com você.

Com um dicionário assim fica mais fácil pra qualquer um tirar de letra o idioma a bordo. Obrigada mais uma vez pela ajuda da minha querida Grace Jamelli .
Temporada brasileira quase começando. Até a próxima.
Beijos,
Camila.








domingo, 9 de outubro de 2011

A verdade por trás da Vida a Bordo


Com quase 4 meses de férias, só quem está a tanto tempo parado sabe o significado da palavra P-R-E-G-U-I-Ç-A. Mas com uma forcinha e boa vontade, estou aqui postando um pouco mais sobre a vida a bordo. Esses dias estava lendo o blog da minha querida Grace Jamelli e resolvi me inspirar e copiar um pouco o tema do seu atual poste: A vida a bordo.                                                
Já falei sobre tanta coisa aqui, mas vale a pena especificar certos assuntos para que os futuros tripulantes não se choquem tanto quando chegarem ao navio. 
O dia de trabalho 
Pra quem não sabe trabalhei no navio como Room Service Attendant, que nada mais é aquela mocinha sorridente (ou não) que vai te entregar o café da manhã ou um balde de gelo após você ter ligado algumas vezes requisitando. A temporada brasileira pra nós comparada à européia era totalmente “good life”, melhor dizendo, vida boa. No Brasil eu entregava meia dúzia de cafés e depois ficava numa boa fazendo pequenas coisas, como dobrar guardanapos ou já deixar montado as bandejas pro dia seguinte. Na Europa tinha em média  400 cafés para 12 pessoas prepararem e entregarem. O resultado disso era uma catástrofe total. Cafés da manhã atrasados, milhares de reclamações, louças quebradas, sujeira por todo lado e funcionários irritados e cansados com apenas poucas horas de expediente. De tarde era um caos, alguns saiam pra recolher as bandejas, enquanto outros separavam o lixo e o material sujo, outros que lavavam as louça, outro que recolhia a louça limpa e guardava, e um ajudante extra pra auxiliar quem estivesse mais atarefado.  No tão esperado fim do dia, organizávamos tudo pro dia seguinte, com as bandejas dos cafés da manhã todas organizadas pro dia seguinte só serem entregues.
Claro que eu tinha muitas outras tarefinhas a fazer, mas basicamente era isso. O que nunca faltava era tempo pra se fazer o bom mamagayo, que ao linguajar do navio nada mais é que fazer qualquer outra coisa que não seja trabalhar no seu horário de trabalho.  Por exemplo, você vai fazer uma entrega lá no 12º andar, você pode ir rápido e entregar para o passageiro não reclamar, e depois enrolar uns 15 minutos na sua cabine. Ou se te mandam buscar comida na Galley, famosa cozinha do navio, você aproveita e já fatura o rango da noite.
E lembre-se da regra mais importante para você se dar bem no trabalho, ou pelo menos fingir: “Não importa o que você faça, e sim o que seu chefe te vê fazendo”. Você pode limpar tudo, deixar tudo impecável, mas se ele só ver o resultado não significa muito comparado a ele te ver com a mão na massa. Portanto sempre que seu chefe estiver por perto procure mostrar serviço, mesmo que quando ele saia você relaxe, mas não deixe de fazer!
 Os padres
A primeira imagem que me vêm a cabeça quando penso em um padre é aquele senhor ou mesmo mocinho vestido adequadamente batizando o filho de alguém, abençoando um casamento, rezando a missa e mostrando exemplo de um bom fiel. Segundo o Vaticano, quando um homem se torna padre ele abdica de várias coisas, como se relacionar com alguém, fumar e beber. Mas no navio essa história muda, e muito. O padre do navio é o encarregado de fazer as missas, cuida da parte do aluguel de livros e DVDs, cuida do cofre dos tripulantes e é o principal encarregado por promover festas e eventos para nós. Até ai tudo “normal” né! Mas e quando você percebe que os padres de lá podem beber e andar torto, podem paquerar e ficar com mulheres e com homens, e ninguém pode falar nada a respeito?! O jeito é acostumar-se com a situação, porque queira ou não é ele que vai te ajudar indiretamente a se entreter e se divertir por algumas horas. E depois de um tempo você nem liga mais se o padre ficar com seus amigos e se você vê-lo bêbado num canto. Tudo vira normal, vai de você saber lidar com isso ou não.
 Os Queridos Chefes
Um dos maiores desejos e ambições de um tripulante é ter um chefe bom, mas infelizmente isso não acontece com muita freqüência. Em todo o meu contrato tive a oportunidade de trabalhar com dois chefes, ou melhor, duas chefas. Uma brasileira e outra peruana. Não vou entrar muito em detalhes, mas posso dizer que comparado ao que vi e aos chefes que meus amigos tiveram, eu tive sorte por ter trabalhado com minhas duas supervisoras, mas vou falar em geral. Os chefes estão lá pra ferrar com a sua vida e mostrar serviço pra alguém superior a eles, e mostrar que eles conseguem ferrar com a sua vida mesmo você mostrando serviço. Praticamente é assim no navio todo, mas sempre tem alguém que consegue bajular seu chefe e conseguir umas molezas no trabalho. No navio aprendi que seu chefe pode te odiar em horário de trabalho, mas depois do expediente ele pode ir com você beber uma cerveja com o maior sorriso do mundo. Acostume-se com isso também, pois é bem normal seus colegas de trabalho também te xingarem enquanto você trabalha, e depois querer ir pra festa com você como se nada tivesse acontecido. E por um lado isso é bom, saber separar as coisas e não levar pro pessoal.
 O Buongiorno Smile
Imagine acordar doente, com dor de cabeça, ou simplesmente irritado, com o pé esquerdo, de ressaca, com saudades, com cólicas ou qualquer ou desconforto. A única coisa que você quer é ficar na sua, se possível descansando. Sonho meu e de todo mundo a bordo, mas vamos voltar pra dura realidade. Você acordou com algum desses sintomas e terá de trabalhar da mesma forma. E a melhor notícia, com um sorriso no rosto como se você fosse a pessoa mais feliz do mundo por estar trabalhando naquela hora. E não se esqueça: mesmo que você dê aquele bom dia feliz e animado e o passageiro nem olhar na sua cara, continue sorrindo. Aconteça o que acontecer, continue sorrindo!
 O Boat Drill
Trata-se de um treinamento sobre sobrevivência em caso de emergências. Pode ser um incêndio, um vazamento, um passageiro passando mal, pessoas deficientes que precisam de ajuda, e até o caso de abandonar o navio. No começo você acha isso super importante, afinal você que ajudará algum passageiro se precisarem de socorro ou abandonar o navio. E lembre-se, você será sempre o ultimo a se salvar, o passageiro em primeiro lugar. Mas é claro que na prática é salve-se quem puder e acabou. Enfim, desde a primeira semana a bordo somos submetidos a fazer semanalmente esse treinamento, todo inicio de cruzeiro. É um saco, você tem que parar de fazer tudo que estiver fazendo, seja trabalhando ou na sua hora de folga dormindo, e ir ficar parado na sua posição indicada orientando os passageiros o caminho. A melhor notícia: se você faltar em 3 desses treinamentos durante todo o seu contrato você é mandado embora. Conclusão, é chato mas é obrigatório, então não deixem de ir.

A primeira parte da verdade nua e crua da vida a bordo está pronto. No próximo poste vou falar das gírias a bordo e continuar o nosso assunto atual.
Obrigada a todos que sempre acompanham e aguardam com paciência as postagens.
Beijos a todos,

Camila.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

1º Roteiro de Viagem: BARCELONA

Com tantos encantos e surpresas, é difícil definir Barcelona. A cidade atrai gente do mundo inteiro, interessado em arquitetura, moda, boa mesa e curiosos em busca de novos horizontes. Quem vai a Barcelona uma vez, com certeza vai querer repetir a dose. 
Nos próximos parágrafos vou citar alguns lugares que tive o prazer de conhecer e outros que ficaram pra uma próxima vez, e que ninguém deve perder a oportunidade de ir.


La Rambla


Principal "artéria" da cidade, é uma via exclusiva para pedestres que reúne a vida e alegria dos moradores e turistas. Costuma viver cheia, principalmente quando há jogos do Barça. Os horários de maior movimento é antes do almoço e no fim da tarde, mas a Rambla nunca está às moscas: até de madrugada há movimento, seja de vendedores de jornais arrumando seus exemplares ou boêmios voltando pra casa. Há de tudo na Rambla, desde vendedores de flores até as famosas estátuas vivas.




Mercat de la Boquería é o lugar mais exótico que você pode encontrar na Rambla. Sempre cheio de curiosos, o mercado abriga uma grande variedade de produtos a venda. Desde cabeça de cordeiro e cérebro de bode, as opções são muitas para quem quer renovar o cardápio gastronômico.



Museu de Cera de Barcelona fica bem no fim da Rambla, perto do monumento de Cristóvão Colombo. O museu reúne as figuras mais importantes, desde a época do homo sapiens até os dias de hoje. É bem interessante de conhecer, mas não se compara a um museu da Madame Tussauds. Você pode comprar os ingressos online ou direto na bilheteria, adultos por €15 euros e crianças por €9 euros. Metrô: Drassanes.


Gostou? Então continue lendo abaixo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Desembarque


Foi em 12 de Junho de 2011 que eu finalmente desembarquei.  Após 8 meses e 3 semanas praticamente "enfurnada" dentro do navio, eu pude sentir a melhor sensação que possa existir: a Liberdade! Foi num domingo no porto de Savona - Itália onde começou o dia do meu retorno ao Brasil.
Como um bom trabalhador tiver que ir trabalhar até no meu último dia. Sim ,é um absurdo, mas como eu ainda tinha esperanças de uma boa avaliação não poderia faltar e deixar tudo de pernas pro ar. Então fui linda e sorridente trabalhar as 6 da manhã, ansiosa pra chegar as 10 e ser realmente liberada. Quase um século depois estava eu na minha cabine terminando de enfiar tudo na mala (daqui a pouco conto o drama da mala) e ajeitar as coisas quando chega a nova menina que iria me substituir. Era uma peruana tímida e fofa ao mesmo tempo, que esperou eu terminar de arrumar a bagunça para enfim poder desarrumar sua mala. 
Pronto, meio dia e malas prontas, levei tudo pra saída e fui almoçar com a chefinha em um restaurante japonês, mesmo estando na Itália e rodeada por massas rsrsrs. Depois de enrolar até as 3 da tarde, todos que desembarcavam naquele dia foram juntos até a saída do navio esperar a van e seus respectivos motoristas italianos lerdos, e que eu me lembre só sabiam reclamar.
Foi um chororo pra cá e mais um pouco pra lá, e finalmente todos estavam na van a caminho do aeroporto de Genova, onde pegaríamos nossas conexões.
Graças a Deus estava comigo um amigo que coincidentemente embarcou comigo, e me ajudou todo o trajeto da van ao balcão de despacho com as malas.
Após ouvir um buongiorno em tom meio grosseiro comecei a tremer, só pensando quantos quilos minha mala tinha. No caso eu poderia levar duas malas de 32 kg cada, bem diferente do que estava marcando a balança. A primeira mala deu 32 cravados. Já a segunda, duas vezes maior, marcou exatos 46 kg. Para o meu desespero total a italiana disse que eu teria de arrumar um jeito de sumir com os quilos extras. Ou eu teria de deixar metade da mala no aeroporto ou comprar outra, transferir o peso e pagar 210 euros pelo excesso. Tive logo uma crise de choro e nervosismo, e claro acabei cedendo e pagando para levar comigo tudo que estava ali. Comprei outra mala com o preço absurdo de 40 euros na única banca de jornal do aeroporto e joguei tudo dentro que achava pesado. Consegui tirar 20 kg da mais pesada, já aliviando bastante. Mandei embalar as 3, para não correr o risco de rompimento ou violação e despachei. A paz e tranquilidade tomou conta de mim assim que peguei minhas passagens e o bilhete das malas em mão.
Pois bem, peguei meu voo de conexão Genova-Roma com 20 minutos de atraso, fazendo com que eu corresse alguns quilómetros e pegasse mais um metrô no aeroporto de Roma para enfim pegar meu voo à São Paulo. Sentei na minha poltrona, do lado do corredor, juntos com duas franciscanas muito fofas, que conversaram comigo até o jantar chegar e eu dormir.
Acordei com o café da manhã sendo servido e restando apenas 50 minutos para aterrisarmos.
5:10 da manhã aterrisamos em São Paulo, com muitos aplausos e frio.
Eu e o Théo, meu amigo salvador, fomos correndo pra esteira buscar nossa bagagem que por sorte foi a primeira a chegar. Passamos pela polícia federal, que estava quase dormindo e nem nos deu bola e saímos.

Os quase 90 kg de bagagem e meus queridos pais


 Théo, o Salvador


Logo de cara vi meus pais todo sorridentes e saltitantes me esperando. Nessa hora eu realmente sabia que estava em "casa" e segura. Ficamos de papo até mais de uma hora, quando a família do Théo o encontrou e ele se foi. 
Fomos então eu e meus pais pegar o carro e ir rumo a São Paulo, reencontrar meus avós e tios.
Foi um dia maravilhoso, posso dizer que a melhor sensação que já tive.
No fim do dia quando finalmente cheguei em casa logo abri todas as malas pra dar os presentes e mostrar tudo que comprei, a melhor parte né?!
Desde então estou de férias, há quase 2 meses, viajando muito e descansando. No dia seguinte que cheguei fui pra Montevideu, depois Curitiba, Gramado, Itajai, Balneário Camburiu e Florianópolis.
Agora chega de viajar. É hora de focar nos próximos planos e objetivos.
Obrigada a todos que me apoiaram desde o começo.
Estou cheia de novidades pro blog.
Até a próxima então, beijos
Camila.

Mesmo aliviando o peso das malas, a etiqueta veio de brinde.


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Máfias a bordo

Enfim o Costa Serena está em terras e mar Europeu. Após 5 dias de mar e muitos agitos, chegamos ao continente proibido rsrsrs. 
Com 7 meses de contrato nas costas e uma certa experiência, vou falar um pouco de um assunto muito importante a bordo, as máfias.
Se você quer ser "alguém" conhecido aqui dentro, você precisa fazer acontecer. E para isso nada melhor do que simpatia e jogo de cintura. No navio existem dezenas de nacionalidades e com isso diferentes culturas.
Para mim uma das coisas mais difíceis e ao mesmo tempo mais desafiadoras é trabalhar e conviver com outras culturas e nacionalidades. É ótimo aprender outros idiomas, outros costumes, etc. O problema começa quando essas nacionalidades se dividem, criando as famosas MÁFIAS.
Máfia aqui a bordo nada mais é do que conseguir alguma coisa a seu favor ou a favor de terceiros em troca de algo. Mas não é tão fácil assim, claro. Ser simpático e carismático cativa a todos, criando laços de amizades entre diferentes nacionalidades e departamentos a bordo. Com isso, há muito mais facilidades para se conseguir o que quer.

Digamos que, se você tem algumas máfias aqui dentro, sua vida definitivamente muda muito. É um prato de comida melhor, um travesseiro mais confortável, aprontar sem levar as conseqüências, entre várias coisas. Muitas pessoas de diferentes departamentos trocam favores, como quem trabalha no bar troca um refrigerante por um prato de comida de passageiro com alguém que trabalha na cozinha. E por ai vai, desenrolando milhares de favores extras. Portanto para quem vai embarcar agora já sabe como funciona e como conseguir suas próprias mafias. 
Agora começou a contagem regressiva. Faltam 5 semanas para eu desembarcar e ter a minhas merecidas férias. Estou montando um super poste sobre o novo itinerário, principalmente sobre a maravilhosa Barcelona. Por isso paciência, que assim que estiver de férias e em casa com tempo vou postar tudo aqui.
Respondendo a duas perguntas que recebi nos comentários, uma a respeito de pedir demissão e querer lagar tudo. Sim, já tive vontade de arrumar a mala e ir embora. Mas isso só ocorreu agora depois de quase sete meses, quando já estou cansada e de saco cheio de tudo. O jeito é aguentar firme, ter sempre objetivos e amigos, claro. Pois sem eles ninguém sobrevive aqui dentro. A outra é sobre minha rotina de trabalho e quais as chances de alguém sem experiência trabalhar a bordo. Vou postar depois como é o meu dia a dia, minhas horas de trabalho, o que faço nas horas de folga, etc. E todos tem chance sim de trabalhar a bordo. Eu por exemplo nunca trabalhei antes, este é o meu primeiro emprego, e para minha não foi nada difícil de entrar. Pelo contrário, só queriam uma inglês intermediário e se pudesse, alguma experiência. Já vi várias pessoas que nem o inglês falavam e vieram trabalhar aqui. Lógico que é mais complicado para se comunicar e se virar, mas com boa vontade de aprender tudo dá certo.
Mais um cruzeiro acabando e menos um para a minha lista.
Até breve, assim espero rsrsrs..
Beijos,

Camila.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Passageiro brasileiro x Passageiro europeu

Após 3 meses de muito trabalho, visitas familiares e praia, a temporada brasileira está acabando. E agradeço muito por isso e vocês vão entender o porque.
O passageiro brasileiro, diferente do europeu, adora "curtir" o navio. Ou seja, enquanto nos portos os europeus saem cedo para aproveitar o lugar, o brasileiro acorda tarde para aproveitar o navio.
O passageiro brasileiro acha tudo chique, enquanto o europeu sabe que tudo o que está lá é fruto do que ele pagou pela viagem.
O passageiro brasileiro reclama de tudo, quer tudo e ainda mais de graça. Já o europeu é paciente, mesmo sendo exigente, e entende que nada é de graça.
O passageiro brasileiro quase nunca dá gorjeta, muito menos um obrigado. Já o europeu sempre dá e faz questão de agradecer pelo serviço.
O passageiro brasileiro faz festa e zona por todos os cantos. O europeu é mais reservado e sempre respeita o espaço dos outros.
E claro que existem outras várias diferenças, mas as principais e mais importantes são essas.  Entendam que essas classificações são gerais e existem muitos exceções de pessoas que eu conheci que fazem o cruzeiro e o nosso trabalho valer a pena.
Vou sentir muita saudades dessa época e de todas as histórias e experiências que vivi aqui.
Agora rumo a Europa!
Semana que vem acaba a temporada brasileira para o Costa Serena e para muitos outros navios.
Até breve, beijos

Camila.

Agora respondendo algumas perguntas de leitores:
- Eu trabalho no room service do navio, ou seja, serviço de quarto. Tudo o que o passageiro pede na cabine e tudo relacionado a entregas sou eu quem faço.
- A travessia para a Europa é super tranquila. Lógico que tem vezes que balança um pouco, mais a viagem é sossegada e os lugares que passamos valem muito a pena conhecer. É uma ótima viagem para fazer em família.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Primeiro roteiro do Costa Serena

Europa

Quem vai uma vez sempre vai querer voltar. Não tem como não se apaixonar por um lugar com tantas diferenças e tantas culturas.
Vou contar aqui um pouco dos primeiros lugares que conheci. Até o fim de novembro o Costa Serena fazia o seguinte itinerário: Veneza, Bari, Katakolon, Izmir, Istanbul e Dubrovnik.

Veneza - Itália



Famosa pelos canais que separam as ruas, pelas gôndolas, pela praça San Marco e muitas outras coisas. Veneza é simplesmente linda. Tem um estilo moderno misturado com muitas antiguidades. O que mais se usa para se deslocar pela cidade são as famosas gôndolas, guiadas por verdadeiros venezianos.
A praça San Marco é o ponto de encontro dos que apreciam história, boa comida e claro, compras. É grande a variedade de marcas e restaurantes que se encontram por lá. Há desde barraquinhas de pizza até grandes e luxuosos restaurantes à beira dos canais. Aconselho não ir em períodos de chuva rsrsrs.

Bari - Itália

Outra cidade boa para compras e comidinhas. Vá ao centro e procure pela avenida principal (não recordo o nome), onde ficam as lojinhas e restaurantes do momento.

Katakolon - Grécia

A cidade em si é pequena, mas com uma grande vantagem: fica há 20 minutos de carro de Olímpia. Para quem não sabe Olímpia é a cidade onde foi realizada a primeira olimpíada, na época dos deuses gregos. Há várias estátuas de deuses, arenas gigantescas e várias pedras por  tudo o que é lado.
Na cidade fica o museu principal, contando a história das Olimpíadas. Muito interessante para visitar, mas só uma vez está ótimo rsrsrs. Não deixem de provar a comida típica do lugar, o gyros, uma espécie de crepe com especiarias gregas.

Izmir e Istanbul - Turquia



Ambas as cidades são ótimas para compras e especiarias turcas. Perto do porto de Izmir fica o centro, onde fica fácil encontrar tudo o que você procura.
A variedade de restaurantes turcos é grande, onde se vende de tudo um pouco. Mas o prato principal turco é o kebab, uma massa assada recheada com carne ou frango e salada. É delicioso e vale muito a pena experimentar.
Já em Istanbul vocês não podem deixar de conhecer as mesquitas. As mais famosas são a Mesquita Azul e a Sofia. Fantástico visto de perto. Só verifiquem direito o dia de visitação, pois em alguns dias "religiosos" não é permitida a entrada.
Outro ponto famoso de Istanbul é a rua Taksim, onde se encontram a maior variedade de lojas e restaurantes. Não deixem de ir comprar souvenirs e lembrancinhas no Grand Baazar, o centro comercial mais famoso de Istanbul. Lá é muito fácil a locomoção, pode ser tanto de trem como  taxi. Em ambas as cidades dá para se notar a excentricidade da Turquia, que mistura o mistério dos dois continentes e o patriotismo do turcos, que espalham bandeiras por todas as esquinas.

 Grand Baazar


Dubrovnik - Croácia



Esse sim é o lugar que eu faço questão de voltar. O mais lindo e mais histórico de todos. A cidade é cercada por uma muralha, e as casas são todas feitas de pedra. A praias são bem particulares, com direito a água transparente e topless. Simplesmente o lugar mais lindo que fui até hoje. Não deixem de ir ao teleférico e passear pela muralha, pois com certeza renderá lindas fotos. E claro, tomem um belo de um sorvete em qualquer barraquinha que encontrarem.


Esse foi o meu itinerário nessa primeira fase do contrato. Agora temporada brasileira até Março.

Amanhã mais uma parada em Santos para matar a saudades da família.

Super beijos a todos,

Camila.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Festas a Bordo

Primeiro poste do ano. Antes de mais nada, Feliz Natal e um maravilhoso Ano a todos! Meu natal e ano novo a bordo foi ótimo, mesmo longe da família e amigos. Em ambas as comemorações foram realizadas festas e celebrações. Eu creio que todos os navios sempre devam fazer algo, mesmo que um seja mais simples que o outro.
No Natal aqui do Costa Serena teve ceia, com várias comidinhas diferentes e bebidas a vontade. O comandante, que não gosta muito de festas, fez uma para os tripulantes no dia 23. E bem nesse dia tínhamos que adiantar o relógio em 1 hora, o que poderia ter atrapalhado a festa.
Mesmo com esses contratempos e a falta de colaboração do comandante,todos foram na festa, ficaram até tarde e muitos não foram trabalhar no outro dia. Claro que choveu warnings naquele dia.
Já no Ano Novo a história foi diferente. A festa para a tripulação foi no dia 31, mas muitas pessoas ( por exemplo eu ) foram para a festa dos passageiros passar a virada. Foi ótimo! Quando deu meia noite estávamos navegando na frente da orla de Copacabana e deu para ver todos os fogos. Fora que o contato com os passageiros em ritmo de festa é muito bom também. Não preciso nem dizer que esse dia foi pior que o natal rsrsrs.
Agora o assunto que gera sempre uma discussão, pois em cada navio é diferente do outro: as Crew Partys (festa da tripulação). Segundo a Costa, o certo é toda semana ser realizada uma festa. Mas em muitos navio não é assim. Se tiver uma por mês é muito. Mas isso vai depender do comandante e o padre, que organiza a festa.
Aqui no Serena o padre adora uma festa, mas o capitão veta algumas. Mas mesmo assim toda semana no bar tem uma festa. Fora isso o padre realiza semanalmente também um bingo e karaoke.
O que rola muito aqui também são as festas na cabine. O pessoal se reune na cabine de alguém, chama algumas pessoas e está feito. O problema é não fazer barulho pra ninguém reclamar pra segurança, que dai é warning na certa.
O importante é que mesmo com alguns comandantes chatos, imprevistos ou falta de espaço, sempre dá para se divertir.
Agora é só esperar as próximas festa e o carnaval, que promete ser bem agitado por aqui.
Hoje estamos em Salvador com 40ºC e muito trabalho.
Arrivederci,

Camila.

 Halloween no Costa Serena